Após mais uma noite de absoluta tranquilidade, começamos o dia com a visita a
Reykholt. Trata-se de uma pequena localidade com grande interesse histórico, pois aqui viveu o político, historiador e importante escritor medieval de sagas,
Snorri Sturluson (1179-1241), autor de numerosas obras sobre mitologia e história nórdicas. Todos os detalhes sobre a vida e obra de Snorri estão, actualmente, expostos no Centro Cultural e Medieval de Snorrastofa, construído em memória deste autor, na dependência do edifício da igreja de Reykholt.
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O local escolhido para pernoita. Tranquilidade absoluta, em local abençoado. |
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A actual igreja de Reykholt, inaugurada em 1996. O museu dedicado a Snorri funciona na base do edifício. |
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Antiga igreja de Reykholt. Construída entre 1896 e 1897, esteve ao
serviço até 1996.
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Outro dos grandes motivos de interesse nesta localidade, outrora um dos mais importantes centros escolares e intelectuais da Islândia, é a existência de vestígios arqueológicos da quinta onde Snorri viveu, incluindo um túnel que ligava a casa do escritor a uma piscina termal, para seu uso exclusivo. Os sinais de actividade vulcânica secundária são bem visíveis em Reykholt.
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A água é quente e convidativa, mas os banhos são totalmente proibidos. Este local histórico tem enorme importância para os Islandeses. |
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As fumarolas denunciam a actividade vulcânica. O potencial térmico é usado em vários domínios, nomeadamente em casas particulares para o aquecimento de pequenas estufas. |
Ainda em Reykholt, tivemos a oportunidade para observar, de perto, vários exemplares do cavalo Islandês que, curiosamente, pastavam numa propriedade em frente ao largo da igreja. Trata-se de uma raça desenvolvida na Islândia, caracterizados pelo porte reduzido, elevada esperança média de vida, resistência e pouca susceptibilidade a doenças. É frequente observar estes cavalos um pouco por todo o país.
De volta à estrada e à N1, seguimos viagem naquela que seria a etapa mais longa de todas, com cerca de 340 km. Havia que chegar a Dalvik, bem no norte do país, ainda antes de anoitecer. Apesar das muitas horas ao volante, a jornada foi incrível, com a descoberta de locais fantásticos e a companhia constante de paisagens arrebatadoras! Um desses locais fantásticos é
Bifrost. Esta pequena vila universitária localiza-se no meio (literalmente!) de um campo de lava com pouco mais de 3000 anos, e serve como referência para visita às crateras vulcânicas de
Grábrók.
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Pormenor da zona habitacional de Bifrost, edificada sobre um extenso manto de basalto. |
Integrando a zona vulcânica de Snaefellsnes,
Grábrókargígar foi declarado monumento natural em 1962, no sentido de proteger os 3 cones de escoria aí existentes. Existe uma rede de trilhos pedestres que possibilitam a subida ao cone de maior dimensão, Stora Grábrók, e daí contemplar os restantes cones vulcânicos e envolvente. As "vistas" são grandiosas... e o vento, lá no topo, implacável!
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Vista aérea das crateras de Grábrók. Esta fotografia é parte integrante de um painel informativo que existe no local. |
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A subida ao topo da cratera, desde o parque de estacionamento, demora cerca de 15 minutos, em ritmo normal. |
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O musgo é omnipresente e uma imagem de marca da paisagem Islandesa. |
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O interior da cratera Stora (grande) Grábrók. |
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Grábrókarfell é o segundo maior cone deste conjunto. |
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Polo universitário de Bifrost e algumas habitações. |
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Directamente do interior da Terra para a minha mão! |
De regresso à autocaravana, e com quase 300 km pela frente, decidimos avançar mais um pouco. A cada curva e a cada instante, a tentação de parar para fotografar ou, simplesmente, contemplar a paisagem, era enorme! Não há palavras nem imagens que descrevam o cenário. São centenas de quilómetros de estrada livre por entre paisagem de cortar a respiração!! Simplesmente lindo!!!
Nova paragem, agora a 200 km do destino, em
Hvammstangi. Local
com forte tradição de pesca, esta vila aloja a maior fábrica de têxteis da Islândia. Junto ao porto é possível observar a tradicional seca do peixe, um petisco muito apreciado pelos islandeses, e visitar o Icelandic Seal Center. Observar as focas, em estado natural, está ao alcance de uma breve viagem de barco. Mas sobre focas falaremos mais tarde.
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Uma iguaria para apreciadores com estômago (e olfacto) forte!! |
A 10 km de Akureyri, a capital do norte e segunda maior cidade da Islândia, desviamos pela N82 até
Dalvik, onde chegamos já ao final da tarde. Dalvik é uma bela e tranquila vila com cerca de 1400 habitantes, situada em frente ao mar e rodeada pelo fiorde Eyjafjordur. Toda a construção é relativamente recente, em virtude de enormes terramotos que atingiram a vila em 1934 e 1976. Aqui encontramos um importante porto comercial e piscatório, e ainda o
ferry que serve a comunidade da ilha de Grimsey, em pleno circulo polar Ártico. Tem ganho notoriedade por assumir-se como um dos melhores locais para observação de cetáceos e aves marinhas. Felizmente, pudemos confirmar isso mesmo.
Pernoitamos no parque de campismo local, situado ao pé das escolas, centro de saúde, piscina e campo de futebol. É um parque bastante amplo, relvado e com boas condições para autocaravanistas À chegada o tempo estava bastante nublado, mas a chuva desaparecera. Consultando as previsões, na
app Aurora Forecast, o panorama era animador, com céu limpo a partir da meia noite e algumas hipóteses para observar a Aurora Boreal.
Alguns metros ao lado do parque de campismo, avistamos umas crianças a jogar futebol. Os nossos filhos estavam desejosos por jogar, e foi com naturalidade que começaram a interagir com estes novos amigos. O mais velho do grupo, com 11 anos, envergando, orgulhosamente, uma camisola do Cristiano Ronaldo, foi o interlocutor, expressando-se em inglês fluente. E ali, durante mais de uma hora, esgrimiram os seus argumentos futebolísticos. Haveriam de marcar encontro para o dia seguinte, para novo jogo, e dali nasceram amizades.
Já depois das 23 horas, decido sair da autocaravana. Cá fora estava frio, muito frio. Mas o céu estava limpo e a esperança de avistar as
Northern Lights era cada vez maior. A Islândia é um dos melhores locais no mundo para observar a
Aurora Borealis e o mês de Setembro marca o início da temporada de observação deste fenómeno. Pouco antes da meia-noite, subitamente, o céu transforma-se e ganha vida. Irrompo pela autocaravana com o coração aos saltos e aviso o resto do clã da chegada das luzes do norte. Durante mais de 30 minutos fomos brindados por um espectáculo de luz e cor que nunca mais esqueceremos. No parque de campismo, por entre a escuridão, ouviam-se uau's e wow's de admiração. Ninguém conseguia desviar os olhos do céu, tal a beleza do espectáculo que estávamos a assistir. Dada a dificuldade de captação de imagens em absoluta escuridão, decidimos apreciar o momento e esquecer a fotografia. Foi memorável!!! Foi extraordinário!!!!
Embalados pelas auroras, adormecemos já depois da 1h. Havia que descansar, porque o dia seguinte reservava-nos uma aventura inacreditável com um gigante dos oceanos.
Para conhecer toda a aventura clique aqui:
ISLÂNDIA 2017: 12 dias em autocaravana
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