Depois de uma noite algo ventosa e chuvosa, na proximidade de um dos mais temíveis vulcões Islandeses, o Katla, acordamos com um dia maravilhoso, parcialmente nublado mas com muitas abertas. Com cerca de 250 km de estrada pela frente, e muitos motivos de interesse, adivinhava-se um dia longo.
A nossa primeira paragem aconteceu em
Dyrholaey, a poucos quilómetros do local onde pernoitamos. Trata-se de um promontório, com cerca de 120 metros de altura, famoso pelo seu enorme arco de rocha vulcânica que irrompe pelo oceano . Esta pequena península, outrora uma pequena ilha vulcânica, apresenta vistas soberbas sobre a linha costeira, nomeadamente sobre as belíssimas praias de areia negra desta região, bem como sobre o glaciar Mýrdalsjokull.
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Dyrholaey, um santuário de aves aquáticas e um paraíso para os amantes da fotografia. O acesso ao promontório é proibido nas épocas de nidificação, entre os meses de Maio e Junho. |
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Praia de Reynisfjara. |
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O glaciar Mýrdalsjokull, a 4ª maior calota de gelo da Islândia, tem uma extensão aproximada de 600 km2 e cobre um dos mais activos vulcões do país, o Katla. |
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O farol de Dyrholaey, um edifício secular, é o único farol Islandês a receber hospedes. Além da função natural de auxílio à navegação marítima, o edifício alberga uma pequena e exclusiva pousada. Sem dúvida, uma experiência inesquecível! |
De regresso à N1, rapidamente entramos no domínio do extenso e negro areal de Sólheimasandur, mediatizado após a queda de um avião DC-3 da marinha americana em 1973 naquele local. Desviámos na N221, em direcção ao glaciar Sólheimajokull, uma extensão do Mýrdalsjokull com cerca de 14 km de comprimento. Não nos cansamos destes belíssimos fenómenos naturais!!
A paragem seguinte aconteceu num dos locais que é cartão de visita da Islândia e, como tal, uma das atracções mais visitadas do país. Trata-se de
Skogafoss, uma belíssima queda de água, e das maiores na Islândia, com cerca de 60 metros de altura e 25 metros de largura. Transporta água do rio Skógaá, proveniente dos glaciares Mýrdalsjokull e Eyjafjallajokull. A envolvente verdejante e as montanhas cobertas de neve fazem deste local um dos mais pitorescos da região sul.
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A subida ao topo do penhasco é dura, especialmente para as crianças mais pequenas (são centenas de degraus...), mas a perspectiva do topo é maravilhosa!! |
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A aproximação à cascata torna difícil a fotografia. O spray é de tal
ordem que, em segundos, ficamos completamente encharcados!
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Do topo temos a real noção da dimensão desta queda de água. As pessoas, junto ao leito do rio, parecem minúsculas! |
Ainda antes da hora de almoço, proximamo-nos de uma região de grande actividade vulcânica, mais concretamente do vulcão Eyjafjallajokull que, recentemente, andou nas bocas do mundo após ter entrado em erupção, em 2010, e ter provocado o caos na aviação europeia. Na base deste vulcão, em Seljvavellir, situada no meio de um vale estreito, existe uma das mais antigas piscinas públicas de água quente da Islândia. O dia estava especialmente frio e ventoso, mas quisemos experimentar. O acesso é feito atravessando uma propriedade agrícola privada, por um troço de estrada em muito má condição e que, por isso, requer cuidados redobrados!
Assim, ainda antes da hora de almoço, rumamos em direcção a
Seljavallalaug para uma banhoca. A caminhada, de apenas 1 km, por entre os picos montanhosos, é fabulosa! É difícil imaginar um enquadramento paisagístico melhor que aquele que encontramos à chegada ao local: um vale estreito e rochoso, atravessado por um riacho, e paredes montanhosas pintadas de verde, recortadas por escorrências de cinzas vulcânicas e as mais variadas formas de basalto!
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O percurso até Seljavallalaug é relativamente curto e fácil. Algumas secções do
trajecto obrigam a algum cuidado, como aquela que vemos na imagem.
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Existe um pequeno edifício, adjacente à piscina, que os visitantes utilizam para trocarem de roupa. As condições, no entanto, são muito precárias (apenas 4 paredes e um tecto), servindo de protecção contra o vento e a chuva. O frio, esse, é constante!! |
Depois de um banho relaxante e um almoço reconfortante, retomámos a "navegação" e a N1, até Seljalandsfoss, outra fabulosa queda de água. Com cerca de 60 metros de altura, esta obra prima natural é parte integrante do rio Seljalandsá, que transporta água proveniente do glaciar Eyjafjallajokull. Esta cascata é especialmente famosa pela possibilidade de circunavegar a mesma. A perspectiva é espectacular, apesar da enorme quantidade de água que cai sobre os visitantes, especialmente em dias de vento!
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O estacionamento pago, ao lado da N1, é o único local disponível para parar o carro. Custa cerca de 7 eur (tarifa única) e as máquinas aceitam cartão de crédito.
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Seljalandsfoss. |
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Perspectiva da parte de trás da cascata. |
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Ao menor sopro do vento, a água cai sobre os visitantes com intensidade. Roupa impermeável é altamente aconselhável. |
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A proximidade de Seljalandsfoss com a capital Reykjavik torna-a muito acessível aos turistas. É, naturalmente, um dos locais com maior número de visitantes em todo o país. |
A pouco mais de 50 km de Seljalandsfoss deixámos a N1 e seguimos para norte, pela N30. Iniciámos, assim, o périplo pelo Golden Circle, que inclui 3 atracções verdadeiramente incríveis e bastante acessíveis aos turistas sediados na capital. Falámos de Gullfoss, do vale com actividade geotérmica de Haukadalur e do parque nacional de Thingvellir.
À medida que avançávamos a paisagem adquiria o tom dourado do final de tarde. O cenário, esse, era maravilhoso. Ao fim de alguns minutos deixamos a N30 e continuamos a nossa viagem pela N35, até
Gullfoss, (em Islandês:
catarata dourada). Com cerca de 32 metros de altura, dividida em 2 patamares, e 70 metros de largura, esta imponente cascata é um das mais espectaculares demonstrações do poder da natureza. A água, proveniente de glaciar Langjokull (o 2º maior da Islândia, que visitámos no
3º dia de viagem), e que origina o rio Hvítá, tem aqui uma enorme demonstração de força, antes de continuar a sua viagem ao longo de um não menos incrível desfiladeiro, com cerca de 2,5 km de extensão. Esta queda de água, juntamente com Dettifoss, são absolutamente superlativas sob qualquer ponto de vista!
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Gullfoss |
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Gullfoss. |
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Gullfoss e o desfiladeiro criam uma imagem de grande beleza. |
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A água pulverizada é visível a centenas de metros do local. |
Regressámos à N35 e, em poucos minutos, chegámos ao vale de Haukadalur, uma área geotermal de elevada temperatura. Aqui visitámos os famosos
Geysir e
Strokkur, bem como outras manifestações particularmente interessantes. Geysir é uma fonte eruptiva, de enorme dimensão, que esteve dormente desde o século XIII. O último registo de actividade ocorreu no início deste século, quando um sismo reactivou o géiser, mantendo-se este em actividade por alguns anos. Actualmente vive novo período de acalmia, sem actividade.
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Geysir, o original. O nome géiser deriva do islandês e, actualmente, é atribuído a fenómenos similares, um pouco por todo o mundo. |
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Fonte natural com água a rondar o ponto de ebulição. |
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Strokkur. Este géiser entra em actividade a cada 5-10 minutos e é o principal motivo de interesse desta região. A água é lançada a uma altura que varia entre os 25 e os 35 metros. |
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Durante o tempo que antecede a erupção é possível observar a água
em constante movimento, ameaçando projectar-se a todo o instante.
Os curiosos ficam fascinados e não conseguem desviar o olhar.
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Strokkur em plena actividade!! Um espectáculo único e imperdível! |
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Após a erupção o nível de água desde drasticamente. Funcionando como um verdadeiro ralo gigante, a água é rapidamente "sugada" pelo orifício e o nível de água reposto. |
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Nesta foto, e seguintes, é possível observar, em sequência, o fenómeno eruptivo desde o início, com a formação de uma enorme bolha pressurizada e a projecção da água quente algumas dezenas de metros no ar! |
O final de tarde foi passado a contemplar este incrível fenómeno, até esgotar a bateria da máquina fotográfica. Miúdos e graúdos, completamente fascinados com o Strokkur, aguardavam pelas erupções, uma e outra vez, e foi já com o sol a esconder-se no horizonte que partimos em direcção ao último destino do dia, o parque nacional de Thingvellir.
Depois de quase uma hora de estrada, alcançamos o camping do parque nacional já na completa escuridão. Estacionamos a autocaravana estrategicamente dado que o vento que se fazia sentir no momento era quase ciclónico. O inicio da noite foi especialmente atribulado, com rajadas muito fortes e constantes durante umas 3-4 horas, que nos causaram alguma apreensão. A Islândia é assim, imprevisível!
Para o dia seguinte estava agendada mais uma actividade absolutamente única, num dos locais mais exclusivos do planeta! A não perder!
Para conhecer toda a aventura clique aqui:
ISLÂNDIA 2017: 12 dias em autocaravana
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