domingo, 1 de agosto de 2021

Escócia em autocaravana


Em Junho de 2019 partimos para mais uma aventura em família e, desta feita, o destino escolhido foi a Escócia. Mundialmente reconhecida pela sua história e belas paisagens, a Escócia há já muito tempo que fazia parte da nossa lista de locais a conhecer. E se a expectativa, à partida, era grande, maior ficou depois das muitas horas dedicadas ao planeamento da viagem nas semanas que a antecederam. 

O objectivo passou por conhecer as duas maiores cidades do país, Glasgow e Edimburgo, e percorrer a mítica North Coast 500, uma das mais aclamadas estradas cénicas escocesas, que contorna o norte do país e nos oferece uma excelente perspectiva sobre as Terras Altas. A imagem em baixo traduz, de forma simplificada, o trajecto efectuado. Ao longo de, aproximadamente, 2300 km, que incluiu a passagem por Edimburgo, Inverness, Thurso, Portree (ilha de Skye), Fort William, Glasgow e Stirling, apenas para citar alguns locais, fomos presenteados com imenso património histórico e cultural, paisagens incríveis, boas condições climatéricas (apenas 1 dia de chuva nos 15 dias de viagem!!) e um fantástico "sol da meia-noite". 


A melhor alternativa de voo, à data, foi oferecida pela KLM, com partida do Porto e chegada a Edimburgo, obrigando a uma escala em Amesterdão. Para nos deslocarmos na Escócia recorremos, uma vez mais, ao meio de transporte favorito da família, a autocaravana. Dadas as potenciais dificuldades impostas pelas características de alguns troços de estrada nas Highlands, optamos por um modelo de autocaravana mais compacto e simples, sem WC, mas ainda assim com os necessários 5 lugares de viagem e dormida, frigorífico, fogão portátil, mesa e cadeiras de refeição e os utensílios de cozinha indispensáveis. Foi, sem dúvida, uma aposta ganha!


1º dia. Edimburgo

Os voos foram tranquilos, sem atrasos a registar, e o serviço a bordo de qualidade. Foi positiva, portanto, esta primeira experiência com a KLM. Chegamos a Edimburgo após a hora de almoço e, ao fim de poucos minutos, fomos conduzidos até às instalações da Spaceships Campervans. O processo de entrega da autocaravana foi relativamente rápido e decorreu sem problemas, considerando as especificidades próprias de um veículo desta natureza.


Depois de tratadas todas as formalidades foi tempo de tratar da questão alimentar. A primeira ida às compras num país diferente é sempre uma aventura demorada, dada a necessidade de perceber o que estamos realmente a comprar (os hábitos alimentares dos povos são muito distintos). Resolvida esta questão, e ainda não totalmente familiarizados com a condução do outro lado da estrada, seguimos em direcção ao Linwater Caravan Park, em Newbridge, onde passamos a duas primeiras noites da nossa estadia na Escócia. Localizado a escassos quilómetros do aeroporto de Edimburgo, e inserido em ambiente rural, é um excelente local para pernoitar nos dias de chegada e partida. É um parque relativamente pequeno, muito bem cuidado, e com excelentes infraestruturas de apoio. Um dos melhores em toda a viagem!!




2º dia. Edimburgo, centro histórico.

Bem cedo pela manhã fizemos uma tentativa de aproximação ao centro histórico. As condições de circulação eram as de uma grande cidade, com muito trânsito automóvel, muita gente, enfim, aquilo que seria previsível. A total inexistência de locais de estacionamento levou-nos até aos subúrbios, nomeadamente a Pinkhill, a cerca de 6 km do centro, e foi daí, em autocarro, que seguimos até ao coração da cidade. Valeu-nos uma amiga, aí residente, para nos salvar o dia! Obrigado Vera!!

Desembarcamos na Princes Street, uma das ruas mais movimentadas da capital, e tomamos a direcção do Castelo de Edimburgo, um de muitos locais de visita obrigatória. Esta antiga fortaleza é uma das mais importantes do país e o monumento mais visitado da Escócia, recebendo, anualmente, cerca de 1 milhão de visitantes.

A primeira ocupação humana desta fortaleza remonta ao século IX, embora muitas das estruturas tenham sido construídas posteriormente.

Lá dentro encontramos inúmeras exposições acerca da história deste país, bem como uma das principais atracções: as jóias da coroa escocesa. A coroa, a espada e o ceptro estão entre as mais antigas da Europa. No interior da fortaleza, para além do castelo propriamente dito, existem outras estruturas com elevado interesse, tais como o National War Museum, o The Royal Scots Dragoon Guards Regimental Museum, a capela de Santa Margarida, o hospital, entre outros. A própria situação geográfica do edifício, do alto de Castle Rock, proporciona vistas incríveis sobre a cidade. O Castelo de Edimburgo encontra-se em excelente estado de conservação e requer, dada a sua dimensão, várias horas para ser visitado e convenientemente explorado. No entanto, a visita é obrigatória!!!



O Castelo de Edimburgo encontra-se conectado ao Palácio de Holyroodhouse, a actual residência oficial da Rainha de Inglaterra na Escócia, através da Royal Mile. São cerca de 1800 metros de extensão, ao logo dos quais encontramos monumentos, edifícios, ruas e pátios, bem ao estilo medieval, assim como grande parte do comércio e serviços da zona histórica da cidade. Almoçamos na Lawnmarket street, uma de 6 ruas que constituem a Royal Mile, perto da belíssima Catedral de St. Giles.

Catedral de St. Giles.


High Street (The Royal Mile).


Omnipresente, a gaita de foles é uma verdadeira instituição na Escócia!

O Palácio de Holyrood foi mandado construir pelo Rei James IV, em 1503, como alternativa ao desconfortável Castelo de Edimburgo. Mais tarde, no reinado de James V, foi construída a torre  onde viveu Mary Stuart, a Rainha dos Escoceses, entre 1561 e 1567. No interior da propriedade é possível visitar, também, as ruínas de Holyrood Abbey, uma abadia construída no séc. XII. Em frente ao Palácio de Holyroodhouse, uma jóia da arquitectura clássica, situa-se o edifício do actual Parlamento Escocês, de linhas modernas e radicalmente contrastantes.

Palácio de Holyroodhouse, residência oficial da Rainha de Inglaterra. 

Regressamos à zona envolvente do Castelo de Edimburgo, desta vez pela Princes Street, um pouco mais a norte, com o objectivo de visitar a Catedral de St. Mary's, na zona de West End. Ao longo do percurso é possível obter excelentes perspectivas para o centro histórico e alguns dos seus monumentos, os belos e cuidados jardins e sentir a imensa vida desta cidade.




 A Catedral de St. Mary´s, construída no séc.XIX, de inspiração gótica, é o 
 edifício mais alto na zona urbana de Edimburgo.

Ao final do dia, já com muitos quilómetros acumulados na pernas, regressamos, de autocarro, a Pinkhill, onde a nossa autocaravana ficara estacionada. A viagem até ao Linwater Caravan Park foi curta, de apenas 20 minutos, o que deixou as "tropas" sossegadas, depois da exigência deste primeiro dia.


3º dia - Edimburgo, St. Andrews, Dunnottar Castle

Ao terceiro dia começamos a aproximação ao norte do país, mais concretamente a Inverness, localidade que marca o início e fim da mítica North Coast 500. Seguimos pela A90 e cruzamos o rio Forth pela Queensferry Bridge, paralelamente à Forth Road Bridge e à histórica Forth Bridge, e lentamente fomos começando a assimilar outra realidade, mais rural. Não demorou até chegarmos a St. Andrews, uma pequena cidade da área do concelho de Fife, famosa pala sua catedral, castelo e universidade, uma das mais antigas do mundo ainda em funcionamento.

O objectivo era visitar a St. Andrews Cathedral, ou as ruínas daquela que foi a maior igreja  jamais construída na Escócia. Com 119 metros de cumprimento, data do séc. XII e foi o centro da igreja católica medieval da Escócia até ao séc. XV, caindo em ruína depois da confissão católica ter sido banida durante a reforma escocesa. Actualmente é um monumento histórico classificado e atrai milhares de visitantes todos os anos.




Andar por entre as ruínas e imaginar a imensidão do edifício é algo de extraordinário. Além das ruínas da catedral é possível aceder ao centro de visitantes e observar algumas peças recuperadas dos escombros, andar por entre dezenas de túmulos espalhados pela área adjacente, e subir à torre da St. Rules Church, local de culto prévio à construção da catedral. A vista do topo da torre é incrível!







Após esta visita, estacionamos em frente à praia de St. Andrews e ali almoçamos, com vista para as águas frias do Mar do Norte. Com as "baterias" recarregadas, saímos para um passeio, à beira mar, até ao Castelo de St. Andrews. Erigido em frente ao mar, foi o local de residência dos bispos e arcebispos de St. Andrews, mas também ele não sobreviveu ao cerco militar durante a reforma escocesa.



Uma das estratégias utilizadas pelos agressores consistiu na construção de uma mina, ou túnel, na tentativa de aceder ao interior do castelo e, desta forma, surpreender os defensores. No entanto essa tentativa fracassou, uma vez que os defensores, guiados pelo som das escavações inimigas, responderam com a construção de uma contra-mina. Quem gosta de um pouco de aventura e não tem problemas com espaços exíguos, pode percorrer ambas as estruturas pois estão abertas ao público. 




Regressamos à A90 e continuamos para norte, rumo a um dos monumentos mais emblemáticos da Escócia, o Castelo de Dunnottar. Pela localização privilegiada, no topo de uma falésia e com vista desafogada sobre o mar, esta fortaleza, do séc. XIII, desempenhou um papel muito importante na defesa do território escocês, na idade média, pois permitiu o patrulhamento da circulação de navios no litoral. Hoje é procurado por motivos históricos e, também, naturais, uma vez que a zona envolvente é um dos locais de eleição para observação de aves. O enquadramento do castelo na paisagem é absolutamente deslumbrante!





O tempo voava e o final do dia aproximava-se. Continuamos um pouco mais para norte, até Maryculter, uma pequena localidade nos arredores da cidade de Aberdeen, e fizemos o check-in no Deeside holiday park, recentemente eleito como o melhor da Escócia em 2019. Foi uma excelente escolha!


4º dia - Aberdeen - Inverness (via Cairngorms National Park)

Chegados aqui optamos por seguir até Inverness pelo interior, atravessando o Cairngorms National Park. A alternativa viável seria a A96, directamente até Elgin, mas quisemos conhecer esta região, famosa pela característica paisagem alpina. E acertamos na escolha! Quilómetros e quilómetros de imagens incríveis, de isolamento e natureza intocada, ao longo do maior parque nacional do Reino Unido, que nos encheram a alma!



A meio do percurso fizemos uma breve paragem em Balmoral, para esticar um pouco as pernas. É neste local que se encontra edificado o famoso Castelo de Balmoral, residência oficial da Rainha de Inglaterra durante os meses de Verão. A propriedade estende-se ao longo de 52 hectares, encontra-se totalmente funcional e está aberta ao público. Escolhemos não visitar, atendendo aos planos que tínhamos para o dia, e porque é importante ceder à tentação de visitar todos os castelos e edifícios históricos existentes na Escócia, tal o elevado número!

Avançamos, para norte. Para além da bela paisagem, foram surgindo algumas "aparições" interessantes, como o Castelo de Corgarff. Este pequeno edifício, inicialmente uma normal residência nobre, serviu também como base de armamento durante a época das Rebeliões Jacobitas e, mais tarde, de apoio ao combate ao contrabando de whisky.


Seguimos até Elgin, uma cidade com pouco mais de 23 mil habitantes, outrora um importante Burgo Real, hoje famosa pelas ruínas da imponente catedral. Fundada em 1224, dedicada à Santíssima Trindade, a Catedral de Elgin sobreviveu a graves incêndios e intempéries, até cair em colapso, em meados de séc. XVII. No início do séc. XIX a Coroa Britânica iniciou um plano de intervenção e conservação do edifício, que perdurou até finais do século passado, que passou pela estabilização da estrutura existente, recuperação de espólio e reconstrução de algumas fachadas. O monumento encontra-se aberto ao público e é uma visita indispensável!




A poucos quilómetros do destino, Inverness, optámos por um pequeno desvio até uma destilaria histórica, a Dallas Dhu Distillery. Não somos consumidores ou apreciadores de bebidas alcoólicas, mas quisemos perceber um pouco da história à volta da produção do famoso whisky escocês. Foi uma decisão que lamentamos! Chegamos ao local pelas 16 horas (encerramento às 17h), entramos e aceitamos o audio guide. Ao fim de 30 minutos, com metade da exposição por ver, fomos "amavelmente" convidados a sair porque o tasco iria fechar em breve! Não gostámos do atendimento algo rude e fizemos questão de o mencionar! E decidimos que não iríamos perder mais tempo a visitar destilarias.

Depois deste pequeno contratempo, seguimos em direcção ao Fort George, uma das mais incríveis fortificações militares da Europa, às portas de Inverness. Depois de alguma chuva no início da tarde, o sol começou a irromper por entre as nuvens. Passeamos pela zona envolvente, repleta de relvados impecavelmente cuidados, e planeamos a visita para o dia seguinte.

Jantamos em Inverness, num restaurante muito apreciado, e acomodámo-nos no Ardtower Caravan Park. Trata-se de um pequeno parque, nas imediações da cidade, situado num local muito calmo, com vista sobranceira sobre uma zona residencial e o Moray Firth, uma enseada do Mar do Norte. Apreciamos, sobretudo, a limpeza e qualidade das instalações, e o fantástico pôr-do-sol. Foi aqui que começamos a sentir, verdadeiramente, a quase ausência de escuridão.





5º dia - Inverness - Dornoch



A manhã foi passada a visitar o Forte George. Esta estrutura militar, de tamanho colossal, foi construída ao longo de 22 anos, no início do século XVIII, e serviu de bastião das tropas leais ao governo britânico na batalha de Culloden, que marcou o fim do movimento Jacobita na Escócia. Desenhada para ser impenetrável, e erguida sobre um promontório na margem do Moray Firth, esta base estava equipada com artilharia pesada e oferecia uma visão periférica única. No interior havia capacidade para mais de 1600 activos, 80 canhões, 2672 barris de pólvora, capela, pequena fábrica de cerveja, padaria, armazéns com aprovisionamento, etc. Depois da batalha de Culloden o forte passou a ser usado como centro de recruta e treino do Exército Britânico e é, actualmente, casa do 3º Batalhão do Regimento Real da Escócia (3 SCOTS), os Royal Watch.

A entrada no forte é feita através de uma bela ponte em madeira, construída após a batalha, que nos conduz directamente a um enorme átrio, com arruamentos e zonas relvadas. À nossa chegada já lá se encontrava um grupo de recrutas a ser "martirizado", o que nos fez perceber que este não seria um local comum. 




Os vários edifícios que existem no interior encontram-se em excelente estado de conservação e tudo parece organizado ao pormenor! Aos visitantes é dada a liberdade de circular livremente, ou integrar uma visita guiada, embora não possamos esquecer que se trata de uma infraestrutura em pleno funcionamento, com algumas zonas de acesso restrito aos militares. No interior de um dos edifícios funciona o The Highlanders´ Museum (Queen´s Own Highlanders Collection), onde está exposta toda a história em torno destes soldados e da batalha de Culloden, bem como um enorme espólio de artefactos militares.  Foi uma experiência muito interessante!








No início da tarde iniciamos o contorno do Lock Ness, o lago onde vive o monstro mais famoso do planeta, o Nessie, como carinhosamente é apelidado por cá. Lamentavelmente não tivemos o prazer de vislumbrar a criatura. O centro de interpretação do lago Ness situa-se em Drumnadrochit, onde encontramos os cafés, restaurantes e hotéis. É a zona mais movimentada em redor do lago. A apenas um par de quilómetros deste local encontramos, na margem do Lock Ness, o Castelo de Urquhart. Outrora um dos maiores castelos da Escócia, esta fortaleza medieval enfrentou 500 anos de conflitos, sob controlo alternado entre os Escoceses e os Ingleses, até ser destruído pelas tropas britânicas após a última rebelião Jacobita. Hoje, estas ruínas são um dos locais mais fotografados da Escócia, e facilmente se percebe a razão. O enquadramento do Castelo de Urquhart na paisagem, na margem do lago, com vista privilegiada sobre a imensidão de água e o vale, é surreal!






Mais para sul surge a localidade de Fort Augustus, sensivelmente a meio do percurso entre Inverness e Fort William. É um dos melhores locais para observar de perto o Canal Caledoniano e o incrível funcionamento das eclusas, usadas para descer e elevar os barcos ao longo de canal. Construído no início do séc. XIX, pela mão do engenheiro Thomas Telford, é uma estrutura com cerca de 97 km,  que se estende ao longo de uma falha geológica e um enorme vale, o Great Glen, e compreende quatro lagos, 29 represas, 4 aquedutos e 10 pontes. E é apenas um dos vários sistemas de eclusas existentes no país! Vale a pena ver de perto!!






Em Fort Augustus invertemos a marcha e regressamos a Inverness, agora pela margem contrária do Lock Ness. Encontramos menor presença humana e paisagem arrebatadora, incluindo uma perspectiva diferente do Castelo de Urquhart.






Deixamos Inverness e seguimos para Dornoch, na província de Sutherland. Entravamos, oficialmente, na North Coast 500! Passamos a noite no Dornoch Caravan & Camping Park, situado em frente à praia e ao lado de um dos melhores campos de golfe da Escócia. É um parque muito amplo, completo, com instalações um pouco antigas, mas perfeitamente funcionais. Um local muito tranquilo, convidativo ao descanso! 



6º dia - Dornoch - Durness

A intenção para o sexto dia de viagem era chegar a Durness, perto do extremo ocidental da região norte da Escócia. À medida que progredíamos para norte, a circulação começava a ser mais lenta, quer pelas estradas em si, cada vez mais estreitas e sinuosas, quer pela paisagem, que obrigava a cada vez mais paragens. O cenário era cada vez mais espetacular!

Fizemos uma breve paragem junto ao Castelo de Dunrobin, para esticar um poucos as pernas. Trata-se de uma luxuoso castelo, com cerca de 700 anos, propriedade do Clã de Sutherland, famoso pelos enormes jardins e falcoaria. Já tínhamos planos para visitar outros monumentos, e não quisemos sobrecarregar os miúdos com visitas muito demoradas.



Continuamos a nossa viagem até Thurso, bem no norte, onde parámos para comprar alguma comida no omnipresente Tesco! As estradas de via única eram a nova normalidade, com passing places a cada 200 ou 300 metros. É importante considerar esse facto na altura de planear uma viagem por estas paragens, uma vez que um percurso de 30 ou 40 km pode demorar uma eternidade a ser percorrido!




Verde, por aqui tudo é verde. As montanhas, planícies, vales, está tudo pintado de verde!  Imensos cursos de água e o mar ali ao lado. Prados cheios de vida, com renas, ovelhas, veados, e a estrela da companhia, o Highland, uma raça escocesa de gado rústico, de chifres longos e revestimento felpudo, adaptado às condições meteorológicas agrestes deste país.


Paramos para almoçar em Sandside Bay, a escassos quilómetros da Vulcan Naval Reactor Test Establishment, uma central nuclear em processo de desactivação. Seguiram-se as baías de Coldbackie e Kyle of Tongue, ambas lindíssimas.




No norte existem muitas praias, e belíssimas praias, mas é em Sango Bay, na localidade de Durness, que o cenário se torna digno de registo! Não fosse a temperatura ambiente (e a da água) e quase poderíamos pensar que estávamos no Caribe. Mar calmo, água azul turquesa, areais brancos imaculados, um cartão de visita único.








Ficamos alojados no Sango Bay Oásis, um parque situado no topo de uma falésia, com vistas fabulosas sobre o mar, e com boas condições para os campistas. A realçar, os chuveiros familiares, onde uma família com crianças pequenas pode tratar da higiene pessoal com todo o espaço e "à vontade" necessários. Em Durness não houve noite, apenas um ligeiro escurecimento! Uma sensação bem diferente!


7º dia - Durness - Ullapool

A manhã começou algo cinzenta, mas isso não esmoreceu a vontade dos mais novos de experimentar a fria água do Atlântico Norte. Foi um prenúncio para o que aconteceria mais tarde.



Seguiu-se a visita à Smoo Cave, uma das maiores cavernas de água doce e salgada em toda a Grã-Bretanha. Situada a poucos quilómetros do parque de campismo, sob a enorme falésia rica em calcário, esta caverna terá sido utilizada como abrigo pelos primeiros povos que ocuparam aquele território. Deve a sua origem à erosão provocada pelo mar e à presença de um curso de água, proveniente do interior da ilha, que terá concorrido para a formação das câmaras mais interiores.  Hoje é possível percorrer a caverna, de barco, com um guia, e observar as suas incríveis formações geológicas.






Avançamos alguns quilómetros, até ao belo miradouro sobre Kyle of Durness, onde almoçamos. No local encontramos uma pequena roulote, como que caída do céu, onde compramos um delicioso café, que compôs o repasto de uma forma brilhante! 

Daí em diante a estrada levou-nos por entre paisagem de cortar a respiração. Sucediam-se as curvas e, por detrás delas, cenários cada vez mais incríveis, pintados em tons de verde! O céu cinzento desaparecera e o sol brilhava com maior intensidade. 




À passagem pela localidade de Scourie, o vislumbre de uma praia de sonho leva-nos a fazer um curto desvio. Os miúdos não resistiram à tentação e, corajosos, mergulharam naquelas águas tranquilas e azul turquesa, mas incrivelmente gélidas!!! Uma perfeita loucura!




A viagem continuou até Ardmair Point, em Ullapoll, mais concretamente até ao Ardmair Point Holiday Park! Não imaginaria uma melhor forma de terminar um dia recheado de paisagens incríveis que um local destes, com vista para o mar, montanhas e a ilha Martin! Fantástico!





8º dia - Ullapool - Applecross

Deixamos o Ardmair Point e continuamos para sul, rumo a Applecross, e ao longo dos 200 km de viagem que separam estas localidades, fomos degustando as vistas gloriosas que surgiam de forma ininterrupta. Numa das aproximações à costa, em Laide, fomos surpreendidos por uma colónia de focas, que ali se encontrava, tranquilamente, a apanhar banhos de sol, em cima das rochas. Nem queríamos acreditar! A Escócia é um dos melhores locais da Europa para observar estes animais. Cerca de 35% da população europeia de focas vive nas águas do Reino Unido, e a esmagadora maioria em águas escocesas. São frequentes duas espécies, a foca comum, mais abundante, e a foca cinzenta, mais rara.




Seguiram-se a Reserva Natural de Beinn Eighe, rica em belas paisagens e vida animal, e o Loch Torridon. Sucediam-se as paragens para fotografar a paisagem, ou simplesmente admirar o que a natureza nos oferece! E se a isso juntarmos as condições da estrada, maioritariamente estreita, de via única, facilmente se percebe que estes 200 km pareceram, na realidade, o dobro! No final, faz tudo parte da aventura!




Chegamos a Applecross ao final da tarde, e ficamos alojados no parque de campismo local. É uma zona bastante remota mas relativamente movimentada. O fluxo turístico desta região deve-se, em grande parte, à mítica e impronunciável estrada de montanha que atravessa a península de Applecross, ligando Shore Street a Tornapress. O seu nome, Bealach na Bà! Interdita a veículos de grandes dimensões, incluindo autocaravanas de grande porte, esta estrada monumental era um dos pontos de passagem obrigatórios nesta viagem, e foi, em grande parte, a razão de termos optado pelo aluguer de um veículo mais compacto. A expectativa era enorme!




9º dia - Applecross - Portree, Ilha Skye (via Bealach na Bà)

Chovera bastante durante a noite, o que é sempre bom para nos embalar durante o sono, e o dia estava bastante cinzento. Depois de uma pequena volta de "reconhecimento", nas imediações do camping, iniciamos a subida da Bealach na Bà, rumo a Tornapress. O objectivo seria chegar a Portree, na Ilha Skye, abandonando, por uns dias, a NC 500. A expectativa, antes de cruzar esta passagem de montanha, era elevada, mas não nos preparou para a realidade, vista com os nossos próprios olhos. Foram 9 km inesquecíveis! A subida é dramática, estreita, sinuosa, com pavimento nem sempre de qualidade e com pendentes que chegam aos 20%. É a estrada com maior inclinação no Reino Unido. No topo, aos 626 metros de altitude, o nevoeiro ameaçou estragar o momento, mas assim que iniciamos a descida esse cenário transformou-se por completo. As vistas são indescritíveis!! Gloriosas!! Nem parece real, é lindo demais! É daquelas estradas com que sonhamos vezes sem conta, quando pensamos numa road trip, e nos faz crer que nenhuma viagem à Escócia será completa sem ela! Teria sido este o pináculo da nossa viagem? Pois bem, foi um ponto alto, com toda a certeza, mas ainda haveria de melhorar!!!





A nossa entrada na Ilha Skye ocorreu por via rodoviária (Skye Bridge), em Kyle of Lochalsh. Dependendo do local onde nos encontramos, a ligação poderá realizar-se, também, por ferry. Poucos minutos após termos entrado na ilha, e porque a fome começava a apertar, fizemos um pit stop para  provar o famoso fish and chips. Enormes e suculentos filetes de peixe, escolhido e cozinhado na hora, acompanhados por batata frita! Delicioso!!!



Não demorou até avistarmos as Cuillin Muntains, uma cordilheira rochosa localizada no sul da Skye, considerada um paraíso para os amantes de escalada e montanhismo. Existem dois domínios, as Black Cuillins, mais desafiantes e dramáticas, e as Red Cuillins, mais suaves. O ponto mais alto é Sgurr Alasdair, com 992 metros. Paramos em Sligachan, ao pé de uma antiga ponte, de onde conseguimos perspectivas fantásticas para as montanhas.






Seguimos até Portree, a capital da lha. É uma cidade pequena, acolhedora e facilmente visitável num par de horas. Efetuamos algumas compras, comemos um delicioso gelado artesanal, passeamos pelas artérias principais e seguimos viagem.



A paisagem era cada vez mais incrível, mais agreste e encantadora. A escassos 10 km a norte de Portree, junto à costa, surge um dos maiores motivos de atracção da Skye, o Old Man of Storr. Trata-se de uma colina rochosa absolutamente espetacular, com 719 metros de altura, e cuja exploração é mandatória.



Estacionamos, num pequeno parque à face da estrada, e iniciamos a caminhada até bem perto deste imponente monumento natural, imortalizado em filmes como Transformers: The Last Knight e Prometheus, entre outros. O trilho, bem visível, conduz-nos pela encosta até à base dos maciços rochosos, sempre em sentido ascendente. É uma caminhada de alguma exigência. No entanto, as vistas incríveis para o Sound of Raasay, e para o próprio Old Man of Storr, mais que justificam o esforço!





Cansados, mas muito satisfeitos, regressamos para bem perto de Portree. Ficamos "alojados" no Torvaig Campsite, um parque muito bem cuidado, amplo e tranquilo. Foi, também, o mais caro de todos os parques que utilizamos - uma noite por cerca de 40 eur.




10º dia - Portree - Niest Point Lighthouse

O dia prometia ser longo, tal como o anterior, sobretudo pela "dose" de caminhada envolvida. Mas estávamos todos bem e os miúdos nem sequer mostravam sinais de cansaço. Iniciamos o dia com a  paragem no miradouro com vista para a Lealt Fall e ruínas de uma antiga mina de extracção de diatomite.



Um pouco mais a norte, nova paragem junto às espetaculares Kilt Rock, uma falésia constituída por colunas de basalto prismáticas, cujo padrão faz lembrar o tradicional Kilt escocês, e Mealt Fall, uma cascata com cerca de 60 metros de altura, que se precipita diretamente no oceano. Um excelente spot fotográfico!


Continuamos a progredir até chegarmos a Quiraing, um deslizamento de terra localizado na face este do cume mais alto da península de Trotternish. No local existem alguns trilhos, o maior e mais conhecido com cerca de 7 km de extensão, que é um verdadeiro ícone da Escócia. E facilmente se percebe a razão. A paisagem é de sonho! O trilho, em si, é desafiante, e requer concentração constante, mas o que impressiona é a perspetiva sobre a Skye! Sem palavras!!







Voltamos à estrada, cansados, mas com a alma renovada, e seguimos para este, em direcção a Dunvegan e ao Farol de Niest Point, o local mais ocidental da Skye. Continuam as estradas de via única, as curvas intermináveis e as constantes paragens para mais uma fotografia. Chegamos a Dunvegan ao final da tarde e deslocámo-nos até um local estratégico para observar o belíssimo castelo. É o mais antigo castelo escocês ainda habitado e é propriedade do Clã MacLeod. Situa-se nas margens do Loch Dunvegan e num local onde reside uma enorme colónia de focas. Durante a nossa visita pudemos observar algumas dezenas de exemplares, que por ali permaneciam. Que maravilha!!




Chegamos a Niest Point pelas 20 horas, ainda com bastante sol. Exploramos o local, jantamos, e voltamos a explorar. É um local belíssimo, de grande tranquilidade. Assistimos ao pôr-do-sol mais tardio de sempre e, dada a localização remota do farol, escolhemos ali ficar durante a noite.







11ºdia - The Niest Point - Fairy Pools - Fort William (via Invergarry)

No último dia na Ilha Skye regressamos ao sul e à proximidade das Cuillins, para nova caminhada, desta feita em Glen Brittle, onde uma sucessão de cascatas e lagoas, de água gelada e cristalina, se tornaram famosas entre os amantes das caminhadas na natureza. São conhecidas como as Fairy Pools. Dada a popularidade, o pequeno parque adjacente ao início do trilho enche em pouco tempo, mas no entanto existe uma alternativa mais desafogada alguns metros mais acima. Uma vez chegados ao ponto de partida somos confrontados com uma paisagem poderosa, sobre o vale, o curso de água e as montanhas rochosas, de tom verde e cinza. 







Apesar de estarmos em finais de Junho, e das muitas horas de sol, o calor não abunda. Não resistimos, porém, a refrescar os pés, "massacrados" pelos quase 8 km de caminhada. 


Almoçamos em trânsito, ainda na ilha, e seguimos, calmamente, até Fort William, por Invergarry. Para trás ficava um dos locais mais belos que já visitamos até hoje. A Skye é um local único, com paisagens apaixonantes!! Alguns quilómetros após cruzarmos a ponte de Skye, a A87 leva-nos até mais um local absolutamente mágico, na margem do Loch Duich, onde encontramos o belo castelo de Eilean Donan, implantado sobre uma pequena ilha. O cenário é incrível! 



Chegamos a Fort William já ao final da tarde. Fort William é a segunda maior cidade das Highlands, apenas atrás de Inverness e é um importante destino turístico. É considerada a capital do desporto de aventura da Escócia, e particularmente reconhecida pela pista de BTT de classe mundial e pela montanha mais alta do Reino Unido, Ben Nevis (1345 m). 

Fizemos algumas compras no familiar Lidl e jantamos no ainda mais familiar McDonald's, antes de assentarmos no excelente Glen Nevis Caravan & Camping Park. Situado no vale de Nevis, num local absolutamente incrível, este parque tem infraestruturas de grande nível e uma localização premium, sendo muito requisitado. Felizmente ainda tinham espaço para nós!



12ºdia - Fort William, Glenfinnan, Glencoe, Glen Etive, Glen Dochart

Logo pela manhã viajamos até ao Nevis Range, a base para exploração da montanha Ben Nevis. Gostaríamos de ter explorado alguns percursos de BTT, recorrendo ao aluguer de bicicletas no local, mas o clima não ajudou. O nevoeiro cerrado e a chuva levaram-nos a pequena alteração de planos. Descemos e tomamos a direcção de Glenfinnan, uma pequena localidade em frente ao Loch Shiel que é famosa pelo viaduto de Glenfinnan, imortalizado na saga de Harry Potter, e pelo monumento ali erguido em memória daqueles que perderam a vida lutando pela causa Jacobita, em 1745.



Glenfinnan fica a meio do caminho entre Fort William e Malaig. A linha férrea que liga estas localidades é mundialmente famosa pelo comboio a vapor turístico que aqui circula, o Jacobite. A inclusão deste viaduto e deste incrível comboio na saga Harry Potter transformou Glenfinnan num dos locais mais procurados na Escócia. 


Exploramos a zona ao pé do lago, o monumento de Glenfinnan, a igreja gótica de St. Mary's e o viaduto. Existe um pequeno visitor centre, que usamos para estacionar, e que serve de referência para quem chega. Tudo está relativamente perto. Uns minutos antes da passagem do Jacobite fomos até um "miradouro", numa extremidade no viaduto, já bem perto da linha férrea, para assistirmos à passagem do comboio histórico. Bem, na realidade até foram dois, já que nesta época do ano há mais que uma viagem por dia em ambos os sentidos. Assim, às 15h10 e 15h20, a magia aconteceu! Ver um comboio a vapor, daqueles que só vemos nos filmes, num cenário daqueles, é algo de muito especial. É possível sentir a ansiedade entre os curiosos, momentos antes da passagem do Jacobite, e assim que a enorme coluna de vapor é avistada, ao longe, começa o festival de disparos fotográficos! Definitivamente algo a não perder!






Voltamos à estrada. O plano seria avançar até perto de Glasgow, mas sem pressas. Ao cabo de poucos quilómetros entramos no domínio do Lochaber Geopark, atravessando o inacreditável vale de Glencoe. Moldado por explosões vulcânicas e glaciares, há muitos séculos atrás, este vale é de uma beleza inimaginável. Ladeado por picos montanhosos pintados de verde, de onde sobressaem as Three Sisters, o vale é uma obra prima natural!! 




Ainda em êxtase, depois de Glencoe, prosseguimos para outro vale, Glen Etive, e foi aí que a paisagem literalmente rebentou a escala!! Para explorar este local é necessário sair da A82 e percorrer a estrada muito sinuosa e estreita que atravessa o vale. Trata-se de um local muito remoto, com algumas condições para pernoita (em ambiente selvagem), cuja beleza não encontra paralelo em nenhum outro local!! Para os fãs de 007, é de salientar que este vale serviu de cenário a Skyfall, um dos mais recentes filmes da saga. 





Ao final da tarde alcançamos o Glen Dochart Holiday Park, em pleno Loch Lomond & The Trossachs National Park. Um parque simpático, mas algo básico e não tão bem cuidado como todos os que frequentamos até então. No entanto, as instalações sanitárias encontravam-se limpas e funcionais e a noite foi absolutamente tranquila. 



13ºdia - Glen Dochart, Stirling, Falkirk

Parte da manhã foi passada em viagem, ao longo da margem do Loch Lomond. Também aproveitamos para preparar mentalmente os miúdos para mais uma visita algo prolongada, desta feita ao enorme Castelo de Stirling. 

Tal como previsto, a visita foi longa. O Castelo é enorme, está muito bem preservado e tem um elevado interesse histórico, de tal ordem que seria impensável exclui-lo da viagem. Construído no topo de uma colina, na proximidade do rio Forth, o Castelo de Stirling é um símbolo da resistência escocesa face à coroa britânica. Foram várias as batalhas travadas na imediações do castelo, nomeadamente a de Stirling Bridge, e vários os monarcas coroados no seu interior, incluindo a rainha Mary Stuart, a Rainha dos Escoceses. A história deste castelo cruza-se com a de Wiliam Wallace, o escocês mais famoso na luta pela independência da Escócia, e são várias as referências a este nobre cavaleiro.



No interior da fortificação é possível encontrar vários edifícios, desde o salão real, capela real, o palácio real, bem como os bem cuidados jardins e as famosas Stirling Heads, peças decorativas esculpidas em carvalho, que enfeitavam os tetos do palácio. Os pormenores decorativos de algumas salas são incríveis!






Deixamos Stirling para trás e seguimos até Falkirk, uma cidade localizada entre Edimburgo e Glasgow, que despertou a nossa atenção por dois motivos, a Falkirk Wheel e a monumental escultura The Kelpies.

A Falkirk Wheel é um elevador de barcos, rotativo, único no mundo, baseado no princípio de Arquimedes, finalizado em 2002, e que é responsável por estabelecer a ligação entre os canais de Clyde e Forth, encerrada na década de 30 do século passado. O desnível entre os canais é de cerca de 35 metros, sendo que a roda de Falkirk eleva as embarcações em cerca de 24 metros. A restante diferença entre as cotas é resolvida com represas tradicionais. Uma ode à engenharia!!



The Kelpies fica a curta distâcia da roda de Falkirk. Trata-se da maior escultura equina do mundo e localiza-se no The Helix, um enorme parque de lazer que serve a população na área de Falkirk. A enorme escultura representa uma linhagem de cavalos usados em pesadas tarefas de exploração industrial, que ajudaram a moldar a geografia local. Esta inusitada peça de arte não só provocou um impacto positivo nas comunidades locais, como também nos visitantes internacionais, sendo conhecida além fronteiras. Estar ao pé desta incrível estrutura metálica é fantástico, mas com a chegada da noite o espetáculo é ainda maior, dado que a mesma ganha diferentes tons coloridos! Fabuloso!







Em The Helix encontramos, ainda, vários percursos pedestres, parques infantis, cafés, centros de actividades e de desportos, lagos, etc, bem como parques onde é possível pernoitar em autocaravana (mas não fazer campismo), por uma taxa muito reduzida (5 libras). Foi o que fizemos! 

14ºdia - Falkirk, Glasgow, New Lanark, Edimburgo


Entravamos no penúltimo dia da nossa aventura. Estávamos a curta distância de Glasgow e, naturalmente, quisemos conhecer um pouco desta cidade. Estacionamos perto da Catedral de Glasgow e partimos à descoberta deste que é o mais antigo monumento da cidade. O edifício data do séc. XII e é um excelente exemplo da arquitetura gótica. Foi o única catedral medieval da Escócia continental a sobreviver à reforma protestante do séc. XVI, e acolhe, na sua cripta inferior, o túmulo do santo padroeiro da cidade, Saint Mungo. 



Sobranceira à catedral, numa pequena colina, encontramos a Necrópole de Glasgow, um cemitério vitoriano onde mais de 50 mil escoceses foram enterrados, ainda que apenas uma pequena parte dos mortos seja mencionada nos monumentos e túmulos. Daqui é possível obter uma excelente panorâmica sobre a belíssima catedral.



Também não quisemos deixar de imortalizar, em fotografia, a passagem pelo Paradise, ou Celtic Park, a casa do mítico Celtic Football Club. 


Durante a tarde fomos conhecer um local muito singular, New Lanark. Trata-se de uma vila construída em 1786, por David Dale, nas margens do rio Clyde, constituída por moinhos de processamento de algodão e casas para os trabalhadores. Alguns anos mais tarde, a vila viria a ser adquirida pelo seu genro, Robert Owen, que a dotou de uma série de benefícios utópicos para os trabalhadores naquela época. Chegou a ser, no séc. XIX, o maior pólo industrial do mundo. 




New Lanark foi um exemplo de como a criação de riqueza não implica a degradação das condições sociais e de vida dos trabalhadores. É um marco na história social e industrial, porque priorizou o bem estar dos trabalhadores e a erradicação do crime, pobreza e miséria. Além de quartos amplos, os trabalhadores tinham acesso à educação e à cultura. O passado de New Lanark e o excelente trabalho de recuperação dos edifícios valeu a inscrição desta vila na lista de património mundial da UNESCO. 





Ao final da tarde regressamos à origem, Edimburgo, e ao mesmo camping onde havíamos passado os dois primeiros dias da viagem, o Linwater Caravan Park. Foi um final de dia perfeito!

15ºdia - Regresso a casa

O dia mais difícil é sempre o do regresso. Preparamos as malas, devolvemos a autocaravana e seguimos para o aeroporto. O voo estava agendado para o início da tarde. A viagem de volta foi, também, com a KLM, com escala em Amesterdão, desta feita com um atraso a lamentar. No entanto, nada mais a assinalar, chegamos sãos, salvos e plenamente satisfeitos. 

A expectativa era bastante alta, à partida, por tudo o que é dito e escrito sobre a Escócia. Depois de duas semanas em viagem, confirmamos a justíssima reputação deste país, sem dúvida um dos mais belos que já visitamos. 


Considerações finais:

A Escócia é um país fantástico, cheio de paisagens de cortar a respiração e locais históricos muito interessantes. Para quem pretender conhecer, aqui ficam alguns factos importantes sobre o país:

- O custo de vida é superior ao português, por isso convém ir preparado. A moeda é a libra e os euros não são aceites. 

- Dado o elevado número de atrações históricas, maioritariamente de acesso pago, é recomendável a aquisição de passes turísticos, com descontos muito consideráveis, como o Explorer Pass. 

- O clima é oceânico temperado, com invernos frios e chuvosos e verões frescos. Durante a nossa viagem o clima não foi problema, pois tivemos poucas horas de chuva e muitas horas de sol. Mas, de acordo com a maioria dos escoceses com quem falamos, normalmente chove! É um dado importante na hora de escolher a roupa a levar para a viagem.

- Existem variadíssimas praias ao longo da extensa costa da Escócia, embora a temperatura da água seja incrivelmente fria. 

- As estradas, nas Terras Altas, são estreitas, sinuosas e, muitas das vezes, de via única. É importante conduzir de forma atenta e respeitar os outros utentes da via.

- Os limites de velocidade são levados muito a sério, o que para nós, portugueses, pode parecer um choque. Ao fim de alguns dias torna-se natural.

- Se a ideia for conhecer o país com autocaravana é importante ter em atenção que as dimensões de alguns veículos limitam, e em muitos casos impedem, o acesso a determinados locais / estradas.

- O estacionamento é particularmente difícil em Edimburgo, e as taxas de parqueamento das mais elevadas que já vimos. Estacionar na periferia e utilizar os transportes públicos até ao centro é sempre a melhor opção.

- Os horários são religiosamente respeitados. A esmagadora maioria das atrações e serviços orientados para o turismo encerra às 17 horas.
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